O desastre

É conhecido o caso do carro ao serviço de um ministro da República Portuguesa que ia a alta velocidade na auto-estrada e atropelou um homem que trabalhava na manutenção na A6.

Sabe-se que os carros dos ministros podem circular à velocidade que entenderem porque, ao contrário das outras pessoas, têm sempre assuntos urgentes do país a tratar e portanto alguns rodam a mais de 200 Km /hora, não porque o motorista o deseje mas porque o ministro tem pressa.

Passaram, entretanto, cinco meses após este acidente mortal – 18 de Junho de 2021 – e continua a haver um silêncio sobre o assunto, não obstante a GNR informar que “desenvolveu e encontra-se a desenvolver, nos termos da lei, todas as diligências inerentes a um processo de investigação de um acidente de viação com vítimas mortais”, tendo o Ministério da Justiça decretado segredo de justiça ao inquérito que foi aberto.

Há quem diga que o Senhor Eduardo Cabrita se não fosse ministro e se seu o carro, conduzido por um motorista a quem mandou acelerar, atropelasse alguém na auto-estrada por se deslocar a uma velocidade imprópria ao Código de Estada de Portugal, já teria sido ouvido em julgamento e responsabilizado em pagar à família do falecido – mulher e duas filhas – uma indemnização de muitos milhares de euros.

A Justiça não obedece ao Governo ou aos Partidos.
Em democracia nada pode impedir a responsabilidade de alguém, mesmo que esse alguém esteja, a prazo, como ministro da República.

Onde está essa ética republicana que o governo socialista gosta de invocar?

Os governantes deveriam dar o exemplo, o bom exemplo.

Manuel Peralta Godinho e Cunha
Nov. 2021