REPORTAJE GRÁFICO DE ARAÚJO MACEIRA)

A Fortaleza de Valença percorre as memórias de 2.000 anos de aventuras históricas de Portugal e Espanha, uma jóia da arquitetura militar abaluartada com 5 Km de muralha e considerada uma Fortaleza Viva multicultural. O casario, as construções militares, as igrejas, as vistas para o rio Minho, a antiga ponte metálica e o Tui medieval completam-se num quadro singular.
Valença que foi bastião militar da defesa da independência de Portugal é hoje um espaço aberto ao mundo e símbolo das relações entre Portugal e Espanha, mais especialmente entre Galiza e Norte de Portugal.

A história deste local e deste aglomerado remonta ao tempo do Império Romano, em que era o local de passagem do rio Minho na estrada de Bracara a Lucus, onde provavelmente existiu um oppidum, e ganha importância quando Portugal se torna independente de Espanha e se encontra defronte a Tui, importante vila espanhola. 

D. Sancho I impulsiona a criação de uma póvoa fortificada de nome Contrasta, assim denominada por oposição a Tui, tendo-lhe sido conferido foral por D. Afonso II, em 1212. A fortificação foi reforçada no reinado de D. Afonso III, mudando o seu nome para Valença, topónimo prestigiante que a relacionava com valores guerreiros. Nessa altura, a fortificação tinha uma dimensão de 300 por 70 metros, com um perímetro aproximado com a linha superior da fortificação actual na sua parte norte, e terminando antes do Largo de S. João, onde na época passava o fosso. 

Durante o reinado de D. Dinis, por volta de 1300, a fortaleza que é chamada castelo, é profundamente remodelada, tendo novas remodelações nos reinados de D. Fernando e de D. João I. A partir de D. Manuel I, que repara a muralha no ano de 1502, o termo castelo é substituído pelo de fortaleza. 
Em 1506, quando Duarte D'Armas desenha as duas vistas da fortificação, as muralhas e torres aparecem com grandes estragos. Era então representada com uma forma ovalada que envolvia o burgo, com dois cubelos, um balcão virado a sul e outro ladeando a porta a norte. A barbacã, com alguns cubelos, tinha portas entre torres a norte, sul e este. Hoje identificamos ainda um troço de barbacã a este com portal com as armas afonsinas, e a porta da Gaviarra a norte, onde se identifica nitidamente que era ladeada por duas torres. 

No século XVII, respondendo à necessidade de defesa contra Espanha, durante a Guerra da Restauração, inicia-se a construção de uma grande fortaleza, do tipo vauban com desenho barroco atribuído a Michel L'Ecole. 
Mais tarde chegou de França um corpo altamente profissional e competente de "Engenheiros do Rei", para orientarem a construção do sistema defensivo, um dos mais importantes da Europa de então, prolongando-se a construção durante o século XVIII. A construção prolonga-se para o século XVIII, com a construção de elementos complementares do sistema defensivo. 

A fortificação permanece com actividade militar até 1910, altura em que as tropas se retiram definitivamente para Lisboa, sendo classificada como Monumento Nacional por Decreto-lei de 14 de Março de 1927 e Zona Especial de Protecção desde 13 de Dezembro de 1958

Bibliografía : Câmara Municipal de Valença do Minho, VisitValença, Paula Araújo Silva (Pedra & Cal n.º 15 / 2002)