REPORTAJE GRÁFICO de ARAÚJO MACEIRA, 
en la Feria Nacional do Cavalo de Ponte de Lima 2022

Bibliografía : 
DANTAS, Luís; VIEIRA, Amândio de Sousa (Fotografia) - Os garranos na Península Ibérica. Ponte de Lima: Município de Pontede Lima, 2010. 92 p. ISBN 978-972-8846-31-2

Quando me deparei com o desafio de escrever um texto sobre o Garrano para a presente Obra do autor Dr. Luís Dantas, a quem desde já agradeço em nome do Município de Ponte de Lima por este precioso contributo a favor da salvaguarda, divulgação e valorização desta espécie de fauna, com presença milenar na Região Noroeste de Portugal, nomeadamente no Minho, decidi, prontamente, aceder ao convite com a perfeita consciência de que o Garrano é um recurso com elevada importância histórica, cultural, socioeconómica e ambiental na Região e no concelho de Ponte de Lima.

Assim, mais do que fazer qualquer referência a dados biométricos desta relíquia faunística que, desde o final do paleolítico, interage com a paisagem minhota, importa aproveitar esta oportunidade para, de forma sintética e objectiva, na senda de todos aqueles que nutrem um carinho especial por esta raça de cavalo, despertar o interesse e alertar para a necessidade e importância da protecção do Garrano, junto daqueles que tenham acesso a esta Obra.

Neste sentido seria expectável que o Garrano, uma das três raças de equinos autóctones de Portugal, pelo seu papel na fundação do País e na manutenção da biodiversidade e das paisagens serranas, tivesse, há muito, garantido o direito a ser respeitado, preservado, melhorado e valorizado mas, infelizmente e ao contrário, o Garrano, tal como as populações rurais, tem sido fortemente penalizado pelas significativas e profundas alterações ocorridas no espaço rural que, em última análise, têm conduzido à diminuição do seu número de indivíduos e à erosão do seu património genético.

Felizmente, esta evolução do mundo rural - que deverá merecer a melhor atenção e resposta por quem de direito em matéria de conservação da natureza e da biodiversidade, uma vez que sem dúvida será a principal responsável pelo desaparecimento de muitas espécies de fauna e flora europeias, a propósito do corrente ano ter sido declarado pela Assembleia-Geral das Nações Unidas como o Ano Internacional da Biodiversidade - não representou, até ao momento, a extinção do Garrano.

Este equídeo - que detém a particularidade de pertencer ao restrito grupo dos animais que podem ser encontrados, em simultâneo no mesmo período temporal, entre a fauna autóctone doméstica e a fauna selvagem - em resultado da sua rusticidade e diversas aptidões, assim como da vontade e até da "carolice"do Homem e de algumas das suas organizações é, ainda hoje, uma presença notada no nosso espaço rural, um factor de identidade e autenticidade do mesmo e, um recurso que pode e deve ser explorado a favor das comunidades locais.

Assim sendo, o Município de Ponte de Lima entendo que tudo fará, no âmbito das suas competências e das suas acções, para proteger e valorizar o Garrano - refiro a título de exemplo a Feira do Cavalo, que resulta na principal montra do Garrano, a nível nacional e internacional - com a certeza de que, o Garrano, em resultado do esforço de todos, muito mais tem para oferecer a esta Região, em termos socioeconómicos, ambientais e de visibilidade, do que uma mera representação de tempos longínquos.

Para finalizar, não poderei perder a presente oportunidade para agradecer a todos aqueles, em especial aos principais guardiões do Garrano, os seus Criadores, que têm permitido a sua protecção e viabilizado a sua valorização permitindo, inclusive, a todos nós, cumprir com o dever de legar às gerações vindouras, se possível em melhores condições, aquela que é por muitos considerada como a mais emblemática figura da biodiversidade milenar do Noroeste de Portugal. Que saibamos criar as condições para perpetuar nas áreas de montanha do concelho de Ponte de Lima e da Região, os míticos Garranos.

Victor Manuel Alves Mendes, Eng.º
Ex-presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima.