Ricardo Rio durante su intervención

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Autarca de Braga foi um dos convidados do 25º Congresso da Ordem dos Médicos
O Estado deve repensar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e a sua capacidade de resposta às populações, sendo que o que ultimamente se passou em Braga, com uma das maiores unidades de saúde do país, deve ser motivo de preocupação. O alerta foi dado por Ricardo Rio, durante a sessão de abertura do 25º Congresso da Ordem dos Médicos, que decorreu esta Sexta-feira, no Espaço Vita, em Braga.


Destacando que este congresso decorreu primeira vez na sua história fora do tradicional circuito de Lisboa, Porto e Coimbra, o presidente da Câmara Municipal de Braga lembrou os problemas que atingem no sector da saúde na região e no país. “Braga é um dos territórios com maior vitalidade demográfica e na prática o que aqui aconteceu é que as mães foram convidadas a procurar outras unidades de saúde por incapacidade de resposta do nosso Hospital Central. Isso é o testemunho de que algo não está bem e que tem de ser corrigido. No fundo, é mais um dos muitos sintomas que vamos observando nesta área da saúde que a todos deve preocupar e mobilizar, não apenas com o diagnóstico, mas também com respostas muito concretas para corresponder aos anseios e às reais necessidades das populações”, referiu Ricardo Rio, apontando como um dos grandes desafios a atracção e retenção dos profissionais de saúde no sector público.

No entanto, o Autarca lembrou que esse é um desafio que “não se circunscreve apenas à dimensão clínica”, e desafiou o Governo a “repensar a nível nacional as condições de remuneração e de exercício profissional nos mais diversos níveis, para todos os profissionais do sector público”, dando como exemplo a dificuldade de contratação de profissionais de diversos ramos de actividade, uma vez que as condições do sector privado “são muito mais atractivas do que aquelas que a função pública hoje tem para oferecer”.

Outra das questões levantadas por Ricardo Rio, foi a necessidade de deixar de lado “uma abordagem dogmática e doutrinária” na gestão do serviço público de saúde. “Na prestação dos cuidados de saúde não podemos isolar o serviço público do envolvimento do sector privado. O que interessa à população não é saber se vai realizar o acto médico numa unidade de saúde pública ou privada. Interessa na realidade é ter acesso a essa mesma resposta e por isso o Estado deve garantir que ninguém fica inibido de ter acesso a cuidados de saúde independentemente do modelo de gestão que essa resposta lhe é prestada”, apontou o Autarca, referindo que muitas vezes são as próprias autarquias a assumirem responsabilidades em matéria de saúde em respostas da esfera do Estado Central.

Além de Ricardo Rio, a sessão de abertura deste 25º congresso da Ordem dos Médicos contou com a intervenção de Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos e presidente do Congresso, Caldas Afonso, presidente executivo do Congresso, do Arcebispo de Braga, D. José Cordeiro, assim como uma mensagem em vídeo do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Com o mote “Saúde em Mudança”, o evento teve como principal enfoque o futuro e os consequentes desafios que a medicina terá de enfrentar. O congresso abordou inúmeros temas, designadamente “Desafios para a formação médica”, o “SNS do século XXI”, as “Profissões da Saúde: Pensar o futuro hoje”, a “Saúde Global: Desafios e oportunidades”, a “Reforma do Sistema Nacional de Saúde”, os “Hospitais Periféricos: Presente e Futuro” e a “Transformação Digital na Saúde e Sistema de Informação”.