Nuevo e interesante artículo del ingeniero José Carlos Barbosa, sobre la situación del ferrocarril en Portugal, en este caso el ferrocarril ...
Nuevo e interesante artículo del ingeniero José Carlos Barbosa, sobre la situación del ferrocarril en Portugal, en este caso el ferrocarril privado, la compañía que atiende el servicio entre Lisboa y Setúbal...
Por José Carlos BarbosaDurante meses, venderam-nos a ideia de que a melhor solução para a ferrovia seria concessionar a CP. Ou seja, “parti-la aos bocados”.
Apesar de existirem inúmeros argumentos técnicos que provam que essa decisão seria um erro histórico, alguns preferem submeter-se a ideologias ou à ambição de obter mais um cargo nas futuras concessões, ignorando completamente esses factos.
Hoje, quero partilhar convosco um exemplo concreto que ilustra bem esta questão: Com uma frota envelhecida e séries de comboios muito pequenas, a pulverização de concessões da CP resultaria inevitavelmente na perda de escala. Dou-vos um exemplo: a CP dispõe de 34 unidades da CP Porto com grande disponibilidade bem acima da Fertagus e, sempre que é necessário reforçar a oferta ou substituir comboios devido a avarias, incidentes ou manutenção, pode requisitar comboios substitutos ao serviço regional, evitando assim supressões. Aqui, o passageiro está em primeiro lugar, e não o lucro de alguns nas concessões.
Vejamos outro exemplo recente: o material que realizava o serviço entre Barreiro e Praias do Sado. A CP retirou as UTE 2240 que operavam naquele serviço para reforçar a operação na CP Porto, nomeadamente para iniciar a operação na linha de Leixões. Para substituir esse material, realocaram as UQE 2300/2400, aproveitando a folga gerada pelo plano de recuperação de material circulante. Curiosamente, a mesma Secretária de Estado, que anteriormente integrou o Conselho de Administração da CP responsável por mandar encostar comboios, agora apresenta como solução para novos serviços a folga criada por essas recuperações.
Agora, vejamos a situação na Fertagus. A empresa alterou o seu contexto operacional, aumentando a frequência e reduzindo o número de comboios em dupla durante as horas de ponta. Esta mudança gerou uma maior exigência de disponibilidade de comboios, uma diminuição das reservas e menos lugares disponíveis nos troços com maior procura. É possível que a área de manutenção tenha sido adaptada, com reforço dos turnos noturnos e de fim de semana, mas como se tem visto isso não tem sido suficiente. Até já temos supressões por humidade…
Esta semana, bastou um dia húmido para ocorrerem várias avarias e, como consequência, supressões de serviços. A empresa não tem capacidade para reajustar o material circulante, porque não o tem, deixando os passageiros sem alternativa.
Por tudo isto, pulverizar a CP em concessões só agravaria ainda mais os problemas que enfrentamos na operação ferroviária. Os passageiros seriam os primeiros a sofrer as consequências de decisões erradas, como se pode verificar no caos instalado no serviço Roma-Areeiro – Setúbal.
É fundamental aprender com estes erros e evitar decisões que coloquem em risco a qualidade do serviço público de transporte ferroviário.