Viajar de Vigo a Porto, a partir del día 17, es ir en el camello diésel maloliente hasta Viana do Castelo teniendo aquí que bajarse... y subir luego a uno de estos camellos eléctricos portugueses que corren menos que el camello diésel maloliente y tienen asientos de menos confort... Una empanada bestial que la CP portuguesa pondrá en práctica, atentando contra el futuro de este servicio internacional llamado "tren Celta". Mientras, los ministros de Transportes de Portugal y España, mirando para otro lado...

O Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular denunciou esta terça-feira a "traição" de fazer alterações ao comboio internacional Celta em agosto, condenando a "má gestão" e garantindo que irá fazer tudo para repor os níveis de serviço transfronteiriços.

"Somos totalmente contra. Isto não é uma medida de gestão, é uma traição. Isto foi feito à traição, porque foi feito no mês de agosto, no meio das férias, e entre campanha eleitoral, o que também condiciona as declarações dos nossos autarcas", disse à Lusa Xoán Mao, secretário-geral do Eixo Atlântico, organização que reúne 38 autarquias do Norte de Portugal e da Galiza.

Em causa estão alterações ao serviço do comboio internacional Celta, que faz o trajeto Porto-Vigo, e que vai obrigar a transbordo em Viana do Castelo a partir de domingo, para permitir "garantir a continuidade do serviço".

Segundo a CP, esta é uma medida "excecional e temporária", sem indicar qual a data de conclusão dos "ajustes transitórios" no serviço que é operado em conjunto com a espanhola Renfe desde julho de 2013, ligando Vigo ao Porto com paragens em Valença, Viana do Castelo e Nine.

Para o responsável da organização transfronteiriça, "isto foi feito à má vontade e foi feito sem dar nenhuma explicação sobre se o problema é da CP [Comboios de Portugal] ou da Renfe", a congénere espanhola.

"Se não for temporário, eles não o vão admitir. Por agora só podem dizer que é temporário e deixar que as pessoas se esqueçam. Só que nós não nos vamos esquecer, vamos estar em cima do assunto como já estivemos noutras vezes, até que se resolveu", garantiu.

A Lusa já questionou a CP e a Renfe sobre o tema e aguarda resposta.

Segundo Xoán Mao, também o Eixo Atlântico aguarda explicações, porque, "quando se liga, a resposta que dão é que estão todos de férias e ninguém com responsabilidade quer dar a cara".

"Portanto, agora temos que aguardar até ao início de setembro para poder falar com a Renfe, o mesmo com a CP, para que nos expliquem o que se está a passar", lamentou.

Xoán Mao recorda já ter alertado "há alguns anos que o que a CP estava a alugar à Renfe era sucata", sugerindo que os contratos de aluguer das automotoras da série 592 iniciados em 2011 "deviam ser objeto de um inquérito".

"Já sabíamos que este problema ia acontecer. Portanto, isto não foi por falta de aviso, isto é mesmo má gestão", considerou, dizendo ainda que os problemas no Celta "acontecem sempre quando o Governo é de direita" e acrescentando que "o comboio é uma concorrência bastante forte para outros sistemas privados de transporte".

O responsável disse ainda que "existem comboios modernos bitensão que, na Galiza, são as que se utilizam para fazer a linha de Vigo à Corunha", que são "modernos, rápidos", que poderiam fazer o serviço direto.

"Se fazem Corunha - Porto, metade da linha é espanhola e metade é portuguesa. É um problema de má vontade e um problema de não querer resolver esta questão. Os comboios que fazem Corunha - Vigo podem baixar até ao Porto", vincou.

Apesar do comboio Celta ser feito com recurso a uma automotora a diesel, a linha ferroviária está eletrificada de ambos os lados da fronteira, mas em tensões elétricas diferentes. Além disso, há também diferenças nos sistemas de sinalização e segurança.

Questionado acerca dos papéis dos respetivos governos centrais, Xoán Mao diz que o ministro português das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, "não tem uma relação fluída" com o seu homólogo espanhol, Óscar Puente, ministro dos Transportes e Mobilidade Sustentável.

Xoán Mao disse até que foi o Eixo Atlântico a fomentar contactos entre as partes antes da última Cimeira Ibérica, porque "ainda não sabiam a agenda na área dos transportes e os dois ministros ainda não tinham falado".

"Não temos nenhum problema em bater em nenhum Governo, seja da cor que seja, até conseguir que a mobilidade entre o Norte de Portugal e a Galiza esteja no patamar em que tem de estar. No mínimo, no nível em que estava", asseverou.