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Santarém podia estar para Lisboa como Braga para o Porto

JAE

O presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves, terá guardado o segredo do projecto do novo aeroporto para a região de Santarém durante os últimos anos para não espantar a caça. Se é verdade, o projecto não pode estar tão atrasado assim que não ultrapasse facilmente a solução do Montijo.

| O MIRANTE

Li algures que a um Homem basta ler e reler durante a sua vida dez bons livros e a sua cultura geral pode não ficar a dever muito a quem lê cem ou mil. Se é verdade, quero crer que não, para mim descobrir livros é como descobrir viagens e concretizá-las. Um desses livros era de Sándor Márai, o autor de “As velas ardem até ao fim” e “De verdade”, o livro que me ocupou os últimos dias de leitura. Assim como a releitura de “Vidas Escritas”, de Javier Marías, que morreu recentemente e era um escritor de culto.

Santarém podia estar para Lisboa como Braga está para o Porto. Não sei se a frase é minha se a roubei a alguém mais avisado do que eu. A verdade é que voltei a lembrar-me
dela agora que se começou a discutir a hipótese de Santarém ter um aeroporto internacional. Acredito que é possível, mas noventa por cento das pessoas com quem falo regularmente dizem que já viram este filme. O presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves, terá guardado o segredo deste projecto durante os últimos anos para não espantar a caça. Se é verdade, o projecto não pode estar tão atrasado assim que não ultrapasse facilmente a solução do Montijo que é, certamente, aquela que reúne mais lobby capitalista e a que afundará ainda mais a Área Metropolitana de Lisboa na relação com o território de proximidade, que é a região do Ribatejo, onde há desertificação por mais incrível que pareça.

Quase meio século depois do 25 de Abril as grandes reformas da sociedade portuguesa, nascida com a Revolução dos Cravos, patinam nas instituições do Estado que não conseguem combater os lobbies instalados que sobrevivem do antigo regime. A verdade é que todos escrutinamos os ministros, mas esquecemos que quem manda são os tipos de família que ocupam os lugares de directores-gerais das grandes instituições que distribuem o dinheiro e influenciam as leis. Um Ministro manda zero contra um director-geral ou um presidente de um instituto que tenha as costas quentes e resolva influenciar as decisões de um membro do Governo. O primeiro-ministro é um verbo de encher em 90% das políticas para a gestão do país e para a reforma das mentalidades dos funcionários públicos que, na maioria dos casos, também são “inocentes” porque não têm condições de trabalho.

Por último: a corrupção no seio dos partidos políticos, de que José Sócrates é o grande protagonista, deveria obrigar os novos chefes de Governo a criar uma lei anti-máfia que nunca mais permitisse casos como os do BES, Submarinos, Monte Branco, entre outros. Quem tem credenciais, lutou contra o antigo regime e não vive do Sistema, devia fazer parte dessa comissão. Portugal é um país do tamanho de uma ervilha ao lado de outros onde a organização do Estado é mil vezes mais eficaz com ou sem pandemia e guerra na Ucrânia. - JAE.




JOAQUIM ANTÓNIO EMÍDIO
Director-geral de "O Mirante", o maior e melhor jornal regional de Portugal